domingo, 20 de dezembro de 2009

9.7 A queda do herói: Psique, Narciso, Ícaro e Prometeu.

Quer Almada, quer José Manuel reflectem sobre o tema da descida do homem. Se, para o pintor, a queda é a perda da unidade, o afastamento do éden,

O mito da queda do homem é clarividente: o Todo é perfeito e o homem deixou de ser o flagrante do Todo. O paraíso não é um mito, é a realidade do Todo criado pela Causa.[1]
para o comitente, a queda do homem representa o inverso da sua divinização.
José Manuel reflecte sobre os temas do andrógino

Amei-me todo em mim fui o macho e a fêmea
e o meu amor gerou monstros e anjos
Possuí-me todo e dei-me todo em cada gesto e em cada frase,
e o meu amor gerou monstros e anjos[2]
e da queda do herói.[3]

Narciso, sentindo-se Deus, precipita-se na lagoa. Na pretensão de se elevar, o homem conhece a sua ruína. Como um anti-herói, José Manuel auto-retrata-se neste poema autobiográfico: Narciso de cabeça para baixo.
odeio-me, confesso;
e eu sou o que odeia, o odiado
e o ódio.

Existe um narcisismo negativo
entre mim e a minha imagem,
e isso, embora não queiram crer,
eleva ao quadrado o ódio por mim próprio.[4]
O mito de Narciso é o encontro do Homem com a morte e consigo mesmo. Assistimos assim à conversão do sujeito em objecto, na escrita filosófica do grupo de Eros.
Esta queda do eu em si mesmo é, no plano existencial, o egoísmo e, no plano da reflexão, o solipsismo. O egoísmo é pois, impossibilidade de diálogo, porque todo diálogo é comu­nicação. Ora para que haja comunicação é preciso uma segunda pessoa - o outro. Mas como será possível o meu encontro com ele? Como revelação da sua presença, na me­dida em que ele mesmo se descobre através do que os psicó­logos chamam o seu comportamento ou o seu behaviour?[5]
Para superar o limite do egoísmo, para sobreviver à queda é necessário fundir os mitos de Narciso com o do Andrógino:
O único acto para superar (o egoísmo) consiste na resposta que nós damos ao
outro. O outro, por­tanto, tem que ser, mas tem que ser em mim.[6]
Esta inversão é conditio sinequa non para inverter o processo da queda e destruição.

A relação inverte-se. No caso do solipsismo ou do egoísmo, como vimos, a transcendência estava em mim pelo facto de eu ser no outro. Agora a transcendência é em mim.[7]
A união perfeita do “eu” com o “tu” consiste na transcendência:
Transcendente porque é, e não porque está em mim. - Essa transcendência do outro - o seu ser em mim - é o amor. O amor é essa presença. E essa presença, como diálogo, é revelação. Revelação de quê? Do ser. Amor é portanto conhecimento. Mas conhecimento do ser. O saber não está deste modo em mim. Eu é que estou no saber. […]. O problema., portanto, não é já de conhecer o ser, mas de alcançar o ser ou, mais simplesmente, de ser. Isto é: O problema que se põe é o problema da existência. E neste problema da existência que radica a dialéctica do amor. Nessa dialéctica há quatro momentos essenciais: o amor a Deus, o amor do outro, o amor do andrógino e o amor de Narciso. […][8]
O amor do andrógino traduz o amor de mim mesmo como corpo. O seu destino será
portanto a posse. Isto é, a presença total. Mas, para possuir algo, é preciso a distância. A posse é sempre uma das faces da renúncia. Por isso o andrógino, sendo completo - porque é unidade -jamais se poderá en­contrar. Ele será sempre o pudor de si mesmo. Em Narciso, o amor que está em jogo é, também, o amor do próprio eu. Não como corpo; mas apenas como imagem desse corpo. Enquanto no amor do andrógino o amor é a sua posse, no de Narciso ela nunca se realizará porque Narciso está voltado, não para si, mas para a sua sombra que é do seu corpo, não a realidade presente, mas a sua imagem alonga da no tempo. A posse de si mesmo no andrógino - por ser impossível só tem sentido dentro da vida; a de Narciso - sendo possível - só o poderá ter dentro da morte. É esta a verdade do mito. A morte significa ali a pre­sença do homem no diálogo que ele mantém com o tempo. Quer dizer: o homem nesse diálogo, que é poesia - e, por­tanto, criação, - não se destrói. Caminha como Narciso ao encontro de si mesmo… É nela que o homem se descobre como revelação da sua pró­pria imagem ou, por outras palavras, como presença do seu próprio ser. A morte chega de nós. A morte é, pois, a epifania do amor. Só ela torna possível, dentro de nós, o encontro com o outro. Este encontro é a própria esperança. Mas tal esperança significa também o limiar que separa na nossa alma os contrários: o ser do não­-ser, o bem do mal, a paz do desespero. E esse o abismo que aterroriza os homens e os afasta progressivamente uns dos outros. Como o dia afasta a noite ou o absoluto outro abso­luto. Mas esta não é a situação irremediável. Porque os abis­mos só podem separar aqueles que os não amam … [9]
Uma tradução visual desta exegese do mito num sentido filosófico-hermético está contida na varanda da casa virada para Sudoeste, onde se passa por Narciso para chegar ao andrógino. Na varanda, um moderno Ícaro-Saltimbanco é retratado por baixo duma mesa, de pernas para o ar, vestido com um fato de Arlequim, desenhado em losangos, ocupando a parte central dum triângulo de luz cujo vértice é pretexto para o começo dum igual triângulo invertido, especular a este. Curiosamente o Narciso-Arlequim aproxima-se da assinatura de Almada, gerando uma identificação retratista-retratado sobre a qual nos deteremos a seu tempo.


66. José de Almada Negreiros, painel da varanda do piso inferior da Casa da Rua de Alcolena. Fotografia©Paulo Cintra, Novembro 2008.
http://www.cidadaosporlisboa.org/imgs/imagens/1235081125H7pXU1sp9Hc61QV3.JPG (_CCC4597.tif)

No imaginário de Almada as figuras de Prometeu, de Ícaro, de São Paulo, do herói sobrepõem-se.


67. José de Almada Negreiros, Prometeu, baixo-relevo da Fachada da Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa. Fotografia de Barbara Aniello. Publicado em Aniello, Barbara, “José de Almada Negreiros: do Caos à Estrela dançante”, in Artis, Revista do Instituto de História de Arte da Universidade de Lisboa, n. 6, Lisboa, 2007, p. 352.

Este Prometeu de 1958, gravado na pedra, é o anel de conjunção, a ponte entre os dois panneaux: mantém o sujeito prometaico de O Número, 1958, e experimenta o suporte lapidar e as cores de Começar, 1968-1969. Simetricamente a este retrato de Prometeu encontramos um outro herói caído, gravado no mural da Faculdade de Letras: Ícaro, descrito como um moderno cavaleiro, enquanto se precipita duma camada cintilante de estrelas. Como por associação livre de ideias, Almada liga Prometeu a Ícaro, ambos rejeitados por excesso de ambição.


68. José de Almada Negreiros, Ícaro/São Paulo, baixo-relevo da Fachada da Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa. Fotografia de Barbara Aniello.
http://ic2.pbase.com/o4/21/4921/1/99280202.IfcMWBYS.Lisboa_Cidade_Universitaria1426.jpg

Ao tema da Morte ou do sono letárgico do corpo está ligado o retrato do protagonista do poema O Menino da sua mãe, de Fernando Pessoa, quarto entre os retratos do poeta e dos seus heterónimos gravados na parede da Faculdade.


69. José de Almada Negreiros, O Menino da sua mãe, baixo-relevo da Fachada da Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa. Fotografia de Barbara Aniello. http://www.cfh.ufsc.br/~magno/FHLP414_z.jpg

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado–
Duas, de lado a lado –,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue
De braços extendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tam jovem! que jovem era!
(Agora que edade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lh’a mãe. Está inteira
É boa a cigarreira,
Elle é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lh’o a criada
Velha que o trouxe ao collo.

Lá longe, em casa, ha a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o Imperio tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.[10]
Verdadeira ekphrasis do poema ortónimo de Pessoa, o retrato de Almada alude à algibeira alada, vestígio icariano duma queda do paraíso perdido: o idílio familiar, que nunca mais o soldado irá gozar. Expressão autobiográfica da perda de laços familiares na sua infância, como interpreta João Gaspar Simões, em Vida e Obra de Fernando Pessoa,[11] a queda do menino-Pessoa corresponde a uma busca de si e da própria identidade na multi-vocalidade da sua escrita.

A queda do homem é condição necessária não apenas para o seu Auto-Conhecimento, mas também para a sua ressurreição.

O anátema dirigido pela Divindade à Alma, “se uma vez o vires, nunca mais o verás”, e a sucessiva transgressão do veto provocam a derrota do herói e a consequente, inelutável descida e inversão. Segundo os místicos, é necessária uma queda para alcançar o cume da contemplação de Deus. Assim, antes do seu voo até à glória no Olimpo, Psique cai como Prometeu, como Narciso, como Ícaro, como São Paulo, como o Menino da sua mãe, vítima da sua própria sede de Conhecimento, para depois subir outra vez e ser igualada aos Deuses na sua Apoteose. É como dizer que o conhecimento passa pelo amor e pelas suas atribulações.

No átrio da faculdade de letras na Universidade de Lisboa, a tríplice queda alude a essa clarividência e introspecção. É importante lembrar mais uma afinidade entre Paulo e Psique: o futuro santo, convertido, ou seja virado sobre si mesmo, não só cai do cavalo, vítima da sua exuberante ambição, mas também perde, durante três simbólicos dias e três simbólicas noites, a vista. À queda corresponde a cegueira. Paulo é alter-ego de Psique. Sofre uma temporária cegueira seguida de uma definitiva iluminação.

Do lado oposto à parede de Paulo, encontramos Prometeu, agrilhoado, cuja posição curiosamente é assumida no vitral da própria Psique, cruzando os pés, nervosamente enlaçados num nó que deforma sensivelmente a linha anatómica, acentuando as suas curvas. Em jeito de grilhão, um fragmento de vidro estreita o tornozelo, simulando a cadeia prometaica e ligando para sempre Psique ao herói caído.


70. e 71. José de Almada Negreiros, pormenor de Prometeu, baixo-relevo da Fachada da Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa. Fotografia de Barbara Aniello e pormenor de José de Almada Negreiros, Eros e Psique, vitral, 400 x 50, Museu da Assembleia da República, Residência Oficial do Presidente, fotografia de Barbara Aniello.

O corpo de Prometeu, deitado, com o perfil pintado nas cores do fogo - vermelho-niagara, cor-de-rosa e amarelo-loiro - padece a tortura pela águia de asas azuis e de garras e bico negros. O contorno vibrante, irregular do seu ombro esquerdo, os cabelos encaracolados em forma de chamas sugerem um verdadeiro facho humano que tenta erguer-se. Ao contrário, a águia precipita-se sobre ele, como chuva, tentando apagá-lo. A águia que devia ter elevado Prometeu até ao Céu, expressando um desejo de alta espiritualidade, torna-se tortura, instrumento do Mal. As cores almadinas remetem para a mistura de humanidade (rosa), orgulho e cólera (vermelho niagara), mas o homem, passando pela paixão, sofre uma catarse e uma regeneração e torna-se um ser novo, regenerado, alcançando o estado de divindade áurea (amarelo).

O mito de Prometeu, tal como o de Psique, está ligado ao tema da visão. Prometeu é um vidente, ou seja um clarividente, que pertence à raça dos místicos.[12] A etimologia clássica do nome Προμέθεος remete para o verbo Προμανθεĩν (= prever). Pelo contrário, Epimeteu é aquele que vê depois, que aconselha depois do acontecimento. Na queda do herói vislumbra-se a queda de Lúcifer. Ambos são portadores de luz, ambos desobedecem a Deus, à Autoridade, ambos deixam um rasto luminoso atrás de si, ambos percorrem as trevas do Mal, mas enquanto Lúcifer age por egoísmo, Prometeu escolhe o Bem para a Humanidade. Prometeu é um herói maldito, meio deus, meio homem, portador de luz, a luz do conhecimento do bem e do mal, o brilho da inteligência, mas também a chama da rebelião.

Paralelamente a Prometeu, Psique luta para alcançar o Conhecimento, a luz do Saber. Levada pela curiosidade, ela transgride a ordem divina e inelutavelmente cai. Por isso, a figura deitada no vitral cruza simbolicamente os pés, lembrando assim as cadeias da punição. Um fragmento vítreo emoldura o tornozelo de Psique, tal como o grilhão prometaico. Assim, em Psique sobrepõem-se por analogia as figuras de Ícaro, de Lúcifer, de Prometeu. Como Prometeu, Psique é um sinal de oposição, presa entre dois pólos: o humano e o divino. Na primeira tentativa de enlevo ela cai, conhecendo irremediavelmente a derrota, o sono, a morte.

No plano do teatro, Almada indaga Prometeu tornando-o protagonista da peça Aqui Cáucaso, 1965, onde investiga a etimologia e a semântica do seu nome:
HOMEM: Não saberemos nunca que rever é tanto como prever, que finito é o mesmo
que transfinito.[13]

-Lembras-te, Zeus omnipresente, do que significa o nome Prometeu?
Lembro-te eu? Prometeu: o precavido. Precisamente o que tu não foste, ó
divindade imortalmente omnissatisfeita: Precavido:

Eu próprio nasci imortal a teu lado por deficiência tua em precaução.

Como podia Homem em Terra ser precavido se para mortal não
havia nada tal que lhe correspondesse em imortalidade?
Ao que não é precavido tudo lhe acontece em achar-se roubado, e fica mão-leve para castigos pesados, e põe erro a tudo, e é tão extensa a lista dos castigos que parece autoridade.[14]
põe em dúvida o rapto do fogo:

Prometeu não rouba, adverte a divindade dos poderes próprios dos homens
Reflecte sobre a morte e a perpetuidade: “Prometeu são contas de imortais. Contas de imortais com Imortais” [15]
e sublinha aquela que chama “a insuportável liberdade de Prometeu”, liberdade “aquela palavra que sobe”.

No plano estético, Almada indaga os significados do mito na sua poética a-sistemática, estabelecendo um contacto entre o finito e o infinito, entre um micro e um macrocosmo, entre o homem e a humanidade:

Nós europeus somos da raça da Europa, da raça de Prometeu, da carne e osso do
Prometeu, da raça igual a cada um de nós, da raça formada à nossa imagem, para
sofrer, chorar, viver e sentir a alegria![16]
A heroicidade de Prometeu por Almada resume-se na visão. Como diz Prometeu, porta-voz de Ésquilo, o pecado do homem é que:
Tem olhos e não vê, tem ouvidos e não ouve[17]
Almada, que põe todo o acento na palavra “ver”, encontra em Prometeu o seu alter-ego, alguém capaz de ver antes, de pré-ver. Prometeu simboliza o homem e Almada, que reflecte sobre o mito em vários espaços da sua escrita: na obra teatral, Aqui Cáucaso, no Ensaio espiritual sobre a Europa, na escrita filosófica, Ver.

Almada reflecte também sobre o papel do homem no mundo. Jogando com a palavra meio ele contesta e contradiz a definição da Renascença e afirma:
Neste mundo tudo é meio menos o Homem[18]
sublinhando assim o facto de o homem não ser a metade entre dois mundos, entre imanente e transcendente, entre a terra e o céu, como dizia Pico della Mirandola, mas pondo a ênfase no facto de o homem ser o fim, não o meio. A centralidade do Homem na poética e na estética almadina supera a Renascença, ultrapassa o clássico ditado Homem medida de todas as coisas.[19]

Em particular tanto Almada como José Manuel são levados pelo mito a reflectir no tema da prisão:
PROMETEU AGRILHOADO

Eu sou filho da crença e da esperança.
Ó natureza por que me doaste
para ser sempre um místico contraste:
em corpo de homem uma alma de criança?

Não sei, não sei porque me coroaste,
porque me deste um trono de faiança,
-esse dom de ser sempre uma criança
mais frágil, mais sensível que uma haste.

Não, não quero ser rei de uma quimera
pela qual a minha alma desespera
como um menino louco. Porque me deste

semelhantes grilhões, ó natureza?
Porque me rezas sempre a mesma reza
desde esse dia em que me enlouqueceste?[20]
Enfim, o Homem compreendeu que Paraíso, imortal ou mortal, era conquista. E o Homem começou pela ferramenta chama-se Arte. Com ela abriu cama para universo o do erro, porque o outro já lá estava. Entre coração e cabeça pôs um vazio as paredes de dentro do vazio em matéria de receber e um dia houve luz dentro do vazio parecia rachado o fechado vazio parecia ser luz de fora que lhe entrava mas por fora da luz também vinha do vazio havia a luz de dentro e a luz de fora empurraram-se uma à outra a contenda era de vida e de morte e só havia uma solução que a luz que vinha de dentro fosse igual à luz que vinha de fora. E era. Era a mesma. Não podia deixar de ser a mesma. De fora vinha fatal o destino que não era o destino que vinha de dentro. Com a ferramenta, com Arte o Homem foi tornando fatal também o destino que vinha de dentro. E primeiro formou-se fatal dentro do vazio o destino da Humanidade inteira e depois formou-se fatal o destino do Homem, um por um, pessoa por pessoa. Uma vez formado fatal o destino da Humanidade inteira, e o do Homem, um por um, pessoa por pessoa, acabaram-se de vez os grilhões de Prometeu. (A personagem ergue os braços sem os grilhões. Levanta-se e também não tem grilhões nos tornozelos. Avança ao centro da cena.) O encontro da luz que vem de dentro com a luz que vem de fora é Saúde sempre se lhe chamou Saúde.[21]
Por outro lado Psique, sendo imagem da Alma que quer conhecer o Amor com os olhos físicos, conhece irremediavelmente a punição infligida a Prometeu: a prisão. A prisão de Psique não é representada apenas pelos grilhões exteriores, mas pelo seu próprio físico. Isto remete-nos para a já citada doutrina órfico-pitagórica da Metempsicose, segundo a qual o corpo é prisão da alma que se liberta dos grilhões através da morte. Em grego há uma assonância entre as palavras soma (Corpo) e sema (Prisão), por isso o Corpo é Prisão da Alma e Soma é jaula de Psique.

[1] Ibidem, p. 54.
[2] José Manuel, To a God Unknown, in Eros III-IV (Dezembro 1952), op. cit., III-IV, 2.
[3] Uma interessante reflexão sobre o mito de Narciso e de Prometeu destronado, ergo-terapeuta e descobridor da ideia encontra-se em José Manuel, Determinismo e Liberdade in Eros XII-XIII (Outubro 1957), op. cit.
[4] José Manuel, Sargaços, op. cit., p. 75,
[5] Fernando Guimaraes, Narciso e o encontro da morte, in Eros III-IV (Dezembro 1952), op. cit.
[6] Ibidem.
[7] Ibidem.
[8] Ibidem.
[9] Ibidem.
[10] Publicado em 1926 em Contemporânea, op. cit., ano 3, nº 1, p. 47.
[11] João Gaspar Simões, em Vida e Obra de Fernando Pessoa, história de uma geração, Bertrand, Lisboa, [s.d.], pp. 29 e ss.
[12] Helena Petrovna Blavatsky, La chiave della Teosofia, Roma, Astrolabio, 1982, p. 40.
[13] José de Almada Negreiros, Galileu, Leonardo e eu, em Teatro, op. cit., p. 216.
[14] José de Almada Negreiros, Aqui Cáucaso, Ibidem, op. cit., p. 222.
[15] Ibidem, pp. 235.
[16] José de Almada Negreiros, Prometeu. Ensaio espiritual da Europa, in Sudoeste, n.º1, Junho de 1935, em Obras Completas, Vol. V, op. cit., p. 114.
[17] Ibidem, pp. 85-114.
[18] José de Almada Negreiros, “As 5 unidades de Portugal”, 1 de Junho de 1935, em Obras Completas, Ensaios, vol. V, p. 69.
[19] A paternidade da citação deve-se a Protágoras no V século a. C.
[20] José Manuel, Novas canções, Coimbra Editora, Coimbra, 1946, pp. 43-44.
[21] José de Almada Negreiros, Aqui Cáucaso, em Teatro, op. cit., pp. 249-250.

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